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AUTOR: ALMIR ESTRELA
O processo de abertura de uma empresa é um desafio cercado de incertezas. Isso porque, atualmente, com as evoluções tecnológicas aceleradas e coisas novas surgindo a cada instante, os empreendedores têm grandes dificuldades de prever o que está por vir.
Além disso, o aumento de novos negócios tem como consequência uma maior quantidade de competição. Esses fatores fazem com que as empresas precisem encontrar formas inovadoras, eficientes e organizadas para entregar um produto ou serviço e, assim, se manterem competitivos no mercado.
A criação de uma empresa começa a partir de uma ideia. Porém, com as constatações feitas anteriormente, é possível concluir que apenas uma ideia não é suficiente para atingir os objetivos de lucratividade e satisfação do cliente. Isso porque é preciso moldar essa idealização,
estruturando os elementos e as etapas que compõem o que a instituição faz.
Desse modo, antes de abrir um negócio, é preciso dar forma a ele. Isso significa que é necessário escolher o que fazer para atingir os objetivos, ou seja, definir o
funcionamento, os produtos e serviços e todas as outras ações que serão realizadas na empresa. Assim, é possível que cada tarefa seja executada da melhor maneira possível visando a geração de melhores
resultados.
É aí que entra a criação do
modelo de negócio. Esse é um dos primeiros passos que qualquer pessoa deve dar ao considerar abrir uma empresa. Isso porque é por meio desse modelo que o empreendedor consegue entender e visualizar todas as características e tudo aquilo que a instituição vai fazer para
atingir seus objetivos.
Portanto, se você deseja entender o que é um
modelo de negócio, como ele pode ajudar na sua empresa e como fazer, continue lendo esse artigo!
O
modelo de negócio é um documento que abrange todas as maneiras que uma empresa agrega valor para seus clientes. Isso quer dizer que ele define como a organização faz o seu trabalho. Sendo assim, esse modelo é basicamente o ato de colocar no papel a ideia de criação de um negócio.
O SEBRAE define modelo de negócio como a “forma como a empresa cria, entrega e captura valor”. Esse documento é, portanto, o
modo de fazer. Isso significa que ele facilita a compreensão de como o
negócio irá funcionar, estruturando elementos e como as ações se relacionam entre si.
Em resumo, todas as ações de uma empresa são analisadas e documentadas pelo
modelo de negócio. Isso é importante para analisar resultados, identificar os desafios que podem ser encontrados e sugerir mudanças. Além disso, esse documento possibilita que todas as práticas sejam ajustadas da melhor maneira possível para que a empresa obtenha
lucro
desde o início.
É importante ressaltar que cada empresa possui a sua própria forma de funcionamento. Sendo assim, a criação do
modelo de negócio vai depender das características, particularidades e da proposta de valor de cada organização. Além disso, esse documento também permite:
É muito comum que grande parte das pessoas relacionem — ou até mesmo confundam — o
modelo de negócio com o
plano de negócio. Apesar do primeiro auxiliar na construção do segundo, é fundamental entender a diferença entre esses dois processos.
Um
plano de negócios é um documento extremamente detalhado, sendo bastante aprofundado e rico em informações sobre o que uma empresa faz. Através de análises econômicas, processuais e de
mercado, ele tem como principal objetivo a compreensão da viabilidade de um negócio.
Geralmente, o plano de negócio demora para ser feito. Isso porque, como dito anteriormente, ele precisa ser bastante detalhado, ou seja, é extenso e dão um certo trabalho. Esse documento se baseia
no que são os custos, a receita, os processos, a estrutura, etc.
No caso do
modelo de negócio, ele antecede o plano, ou seja, ele ajuda a visualizar todas as ações e etapas que devem ser colocadas no plano de negócio. Isso é feito de uma maneira menos detalhada, sendo um documento simples e mais visual. Além disso, o modelo é baseado no
“como”, ou seja: como a empresa gera valor para o cliente, como a receita é gerada, etc.
Portanto, é importante investir na elaboração de ambos os planos. Isso porque, a partir do
modelo de negócios, é possível criar um plano de negócios muito mais completo que contenha os elementos imprescindíveis para conseguir detalhar todos os aspectos de uma empresa.
Antes de compreender como montar, é preciso saber quais são os principais tipos de
modelo de negócio. Ademais, é importante ressaltar que, além dos modelos mais antigos e tradicionais, novos tipos foram surgindo no decorrer dos anos para se adaptar às atualizações e
inovações mercadológicas.
Esses tipos de
modelo de negócio podem se caracterizar tanto pela forma de trabalho de uma empresa quanto pela relação existente entre a organização e o cliente.
A
franquia
é um dos modelos de negócio mais tradicional e conhecido. Nesse tipo, um empreendedor adquire o
direito do uso de determinada marca
e da sua forma de trabalho. Sendo assim, a franquia é usar uma patente para a comercialização e distribuição de produtos e serviços.
O modelo de franquia mais utilizado atualmente é o de Franquia de Negócio Formatado (Business Format Franchising). Nesse caso, o franqueador
é o dono da marca que, visando expandir seu negócio, vende o direito de uso para outros
empreendedores. Dessa forma, ele fornece treinamentos para que o franqueado mantenha a qualidade de produtos e serviços.
O
franqueado, portanto, é quem adquire o direito de uso da marca e explora comercialmente o que foi desenvolvido anteriormente pelo franqueador. Além disso, ele recebe toda orientação necessária para instalação e operação da franquia de modo a se comprometer a manter o padrão de qualidade exigido pelo franqueador.
No Brasil, as franquias ganham cada vez mais espaço no mercado. É muito comum andar pela cidade e ver diversas lojas de mesma marca, como
McDonald’s, Boticário, Cacau Show, Havaianas e outras mais famosas.
O modelo de
assinatura
também é bastante conhecido, podendo se encaixar tanto nos moldes mais antigos como nos recentes. Nesse caso, uma empresa fornece seus produtos ou serviços ao consumidor cobrando uma taxa que, na maioria das vezes, é mensal.
Geralmente, as empresas que adotam esse
modelo de negócio oferecem descontos para
novos clientes por um tempo determinado. Além disso, outra estratégia das organizações é a oferta de um período de assinatura gratuito, normalmente por 7 dias ou um mês. Porém, é necessário que as instituições sempre busquem a qualidade desses serviços para não sofrerem com o cancelamento de assinaturas.
Como exemplos mais antigos e tradicionais desse modelo podemos citar as academias de ginástica, jornais, revistas e até mesmo a TV a cabo —
Veja, Sky, Net Virtua, Isto É, Exame, etc. Atualmente, esse modelo de negócio é bastante encontrado em serviços de streaming como a
Netflix, o
Prime Video,
HBO Max, entre outros.
O
Freemium
é basicamente uma variação modernizada da assinatura. Isso porque, nesse modelo, existem a opção gratuita — Free — e a paga, a qual é a Premium. Nesse caso, o usuário é quem escolhe qual dessas alternativas ele quer.
Nesse
modelo de negócio, a
empresa oferece uma opção mais básica sem cobrar nada, mas também fornece uma versão melhorada — com funções extras — mediante o pagamento de determinado valor. Geralmente, empresas que adotam esse modelo costumam oferecer promoções do serviço Premium a preços mais baixos com duração temporária.
Isso é feito visando conquistar novos usuários para os serviços pagos. Essa prática funciona na grande maioria das vezes, visto que quem experimenta a versão aprimorada, mesmo quando a promoção acaba, não quer deixar de ter os benefícios voltando para a versão básica.
Um dos modelos Freemium mais conhecidos atualmente é o
Spotify. Nessa plataforma de streaming de música, é muito comum se deparar com promoções de 3 meses da versão Premium por R$ 1,99, planos familiares e até mesmo universitários por preços mais vantajosos.
O
marketplace vem se tornando cada vez mais popular no mercado atual. Nesse
modelo de negócio, uma empresa menor vende seus produtos e serviços em uma instituição maior que já possui maior reconhecimento dos
consumidores.
Em resumo, no marketplace, uma loja pequena “aluga” um espaço dentro de uma loja maior. Nesse caso, o aluguel é pago através de uma porcentagem sobre o número de vendas realizadas. Alguns exemplos desse modelo de negócio são a
Magazine Luiza,
Amazon,
Mercado Livre,
Netshoes, etc.
Porém, assim como todos os outros, esse modelo possui vantagens e desvantagens. São elas:
O modelo
isca e anzol é a oferta de produtos ou serviços que estão atrelados, ou seja, um depende do outro. Isso significa que as mercadorias comercializadas não são vendidas separadamente. Nesse
modelo de negócio, um dos produtos é vendido com uma margem de lucro menor que a da outra.
Alguns exemplos de produtos que participam da isca e anzol são:
Esse modelo é basicamente a união de uma causa
social ou ambiental com os objetivos lucrativos. Atualmente, com uma maior conscientização dos problemas sociais, esse
modelo de negócio está crescendo cada vez mais.
Sendo assim, os
negócios sociais tem como objetivo ajudar áreas ou comunidades menos favorecidas direcionando todos os lucros para elas. No Brasil, algumas empresas — como Tekoha, Solidarium — já realizam essa prática. Geralmente isso é feito dando oportunidade para que os produtores mais pobres consigam comercializar seus produtos e obter um alcance que não conseguiriam sozinhos, por exemplo.
Também conhecida como economia compartilhada, esse
modelo de negócio está crescendo cada vez mais no Brasil e no mundo. Nele, as empresas fazem a conexão entre interesses de várias pessoas. Sendo assim, de um lado tem um indivíduo disponível para oferecer um produto ou serviço, e do outro há uma pessoa que deseja consumir o que está sendo fornecido.
O Uber e o Airbnb são exemplos de economia colaborativa. No caso do primeiro, o motorista oferece o serviço de transporte em troca de um ganho
financeiro, que é pago pelas pessoas que desejam esse serviço por preços mais em conta. Sendo assim, nesse
modelo de negócio ambos são beneficiados.
O Business to Consumer — mais conhecido como
B2C
e traduzido para português como
“Negócio para Consumidor” — é um dos modelos mais utilizado pelas empresas. Nesse caso, o serviço ou produto é vendido diretamente para os consumidores.
Geralmente, o B2C tem como características as vendas simples e de menor
ticket médio. Isso porque o volume de compras desse modelo tende a ser menor. Além disso, é mais comum ser encontrado no varejo, como no
Carrefour,
Extra, etc.
O
B2B
significa
“Negócio para Negócio” e tem como cliente final pessoas jurídicas. Isso significa que uma organização vende seus serviços e produtos para outra empresa. Nesse modelo, o ticket médio aumenta, visto que o volume de compras é maior. Além disso, o B2B exige uma relação de confiança entre ambas as partes.
Como exemplo de modelo de negócio
B2B podemos citar os fornecedores, fabricantes e empresas de prestação de serviços — como uma empresa de
marketing contábil que realiza serviços de divulgação para outras instituições que, no caso, são os escritórios de contabilidade.
O
D2C
—
“Direto ao Consumidor”
— é um tipo de modelo de negócio B2C, porém, não há a presença de lojas como intermediários. Sendo assim, os produtos e serviços saem das fábricas e vão direto ao consumidor final.
Esse modelo é bastante utilizado por empresas de eletrônicos ou de móveis. Isso porque, devido às dificuldades logísticas, elas decidem realizar um caminho de fornecimento menos burocrática. Além disso, também podem ser citadas como exemplo as grandes marcas de roupas, automóveis, calçados. Nesses casos, o D2C é feito na forma de outlets e montadoras de veículos.
O
Software as a Service, em português
“Software como Serviço”, é o oferecimento de uma infraestrutura de
tecnologia que pode ser do ramo financeiro, de licenciamento, entretenimento, etc.
O SaaS se assemelha um pouco ao modelo de assinatura. Isso porque, nesse
modelo de negócio, o cliente assina um serviço e consegue ter acesso a ele de qualquer lugar e a qualquer momento. Isso pode ser realizado por computadores, celulares, tablets, etc.
Exemplos de Saas são:
Google Analytics,
Netsuite,
Microsoft 365, etc.
O primeiro passo — e talvez o mais importante — para desenvolver as ideias de criação de um negócio é
visualizar a estrutura de produção e de entrega
do produto ou serviço. Isso deve ser feito de uma forma ampla, simples e que seja possível compreender facilmente. Para isso, é preciso conhecer ferramentas que auxiliam nessa visualização.
O conceito de
modelo de negócios foi consolidado com o livro
“Business Model Generation”, escrito pelos empreendedores Yves Pigneur e Alex Osterwalder. Com isso, surgiu o
Business Model Canvas, uma forma prática e simples para criar um modelo eficiente e eficaz.
O
Canvas nada mais é do que um quadro dividido em 9 etapas. Isso permite que um empreendedor elabore e visualize de forma clara o
modelo de negócio do seu empreendimento. Além disso, cada etapa possui uma pergunta-chave que devem ser respondidas visando facilitar o preenchimento.
Sendo assim, o Canvas é um espaço que deve ser preenchido com informações a respeito da atuação da empresa. Assim, uma análise de cada uma delas pode ser feita e utilizada para determinar o
modelo de negócio ideal e as estratégias que podem ser adotadas visando o sucesso do empreendimento.
Portanto, para preencher o Canvas de maneira adequada, é preciso conhecer seus nove componentes fundamentais e o que cada um deles representa.
Um fator importante para todos os tipos de empresa é o conhecimento do consumidor. Isso significa que é necessário saber qual é o
público-alvo do produto ou serviço que uma organização oferece. Desse modo, é necessária a criação de uma
persona
— a personificação do cliente ideal — para descobrir suas características e suas necessidades.
Nesse momento, é importante reconhecer se o segmento de clientes será de pessoas físicas ou
jurídicas, por exemplo. Sabendo isso, é possível eliminar algumas opções de
modelo de negócio e focar em outras que possam ser mais adequadas — como o B2C ou B2B, respectivamente.
O canal de venda nada mais é do que a forma que um produto ou serviço chega ao consumidor. Isso significa que, ao preencher essa etapa no Canvas, o empreendedor deve se perguntar:
“Como o cliente vai acessar o meu serviço?”. Essa pergunta é responsável por auxiliar na definição da melhor estratégia de distribuição possível.
Sendo assim, o canal de distribuição é fundamental para definir o
modelo de negócio, visto que ele é responsável por definir de que maneira o produto ou serviço será entregue ao cliente.
A pergunta principal para preencher essa etapa é: “Qual a solução que a empresa deseja entregar para o cliente e quais os diferenciais?”. Isso auxiliará uma organização a definir tanto a sua atividade — o que ela faz — quanto o que a diferencia das outras.
É nesse momento que a empresa define qual é o valor do produto ou serviço para os consumidores, isto é, o que ele agrega a quem compra. Portanto, é fundamental ter isso definido, visto que é o aspecto responsável por influenciar e determinar a decisão de compra de um
potencial cliente.
É fato que o
relacionamento com o cliente é um fator decisivo para que uma compra seja feita. Desse modo, essa etapa é importante para definir os métodos que serão utilizados para a construção de uma boa relação com o consumidor.
Além disso, criar estratégias de relacionamento contribui para a
fidelização
do cliente, ou seja, a efetuação de uma nova compra feita por ele em um futuro próximo. Isso também pode fazer com que o consumidor se torne um divulgador da marca, indicando um produto ou serviço para pessoas próximas a ele.
Nessa etapa ocorre a definição de tudo que fornece renda para a empresa. Isso significa que é necessário listar qual valor e como o cliente está disposto a pagar pelo produto ou serviço, as
estratégias de marketing
que serão utilizadas para gerar lucro, etc.
Desse modo, definir as fontes de renda nada mais é do que estabelecer
como ocorrerá a monetização do negócio. Além disso, é importante considerar qual valor a ser cobrado pela entrega do produto ou serviço de valor.
Para que um negócio funcione, é preciso estabelecer todas as atividades que precisam ser realizadas para entregar o produto ou serviço ao cliente. Desse modo, as
atividades-chave são basicamente os métodos que serão utilizados na criação da mercadoria fornecida.
Isso deve ser feito sempre pensando que o produto ou serviço é uma solução para o problema da
persona, ou seja, do cliente ideal. Alguns exemplos de atividades-chave podem incluir as estratégias de marketing, a seleção de produtos, manutenção, etc.
Após a definição das atividades-chave, é preciso definir quais são os
recursos fundamentais para que o produto ou serviço seja entregue. Isso significa que, nessa etapa, ocorre a descrição do que será necessário para manter o funcionamento, o desenvolvimento e a produção do que está sendo oferecido.
Alguns exemplos de recursos-chave podem ser: locais de produção, capital humano, equipamentos, etc.
Essa etapa é o momento de definir quem são os
parceiros fundamentais e importantes para que o produto ou serviço da empresa seja entregue aos clientes. Desse modo, é necessário pensar em fornecedores, parceiros que contribuem para uma melhora na qualidade ou até mesmo na entrega dos produtos oferecidos.
A estrutura de custos abrange tudo aquilo que diz respeito aos
gastos que a empresa terá para produzir, executar e realizar a manutenção de seus produtos e serviços. Isso significa que, nessa etapa, é o momento de definir os gastos necessários para o funcionamento da empresa.
Definir isso ajuda o empreendedor a ter um panorama do
financeiro da empresa. Isso auxiliará na hora de estabelecer o preço que será cobrado pelos produtos ou serviços, sem gerar possíveis prejuízos financeiros para a instituição. Alguns exemplos de custos são: funcionários, pesquisa, marketing, infraestrutura de TI, etc.
Com todos esses dados em mãos após o preenchimento do Canvas, é possível criar o
melhor modelo de negócio para uma empresa.
Esse artigo te ajudou a compreender melhor o que é um
modelo de negócio, como criar e quais os tipos? Esperamos que sim!
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