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AUTOR: ALMIR ESTRELA
Os grandes bancos da Bolsa no primeiro trimestre de 2023 (1T23) apresentaram resultados que diminuíram alguns medos, mas também reforçaram certas preocupações. Uma surpresa positiva foi o comportamento dos índices de inadimplência, que não aumentaram de forma dramática, mesmo em um período em que os tomadores de crédito pessoal geralmente estão mais apertados financeiramente. No entanto, as instituições financeiras estão se preparando para um cenário turbulento, adotando uma abordagem mais conservadora na concessão de crédito e aumentando suas provisões.
De acordo com Luis Miguel Santacreu, analista de risco da Austin Rating, "a inadimplência ainda está controlada, mas os bancos já estão reservando provisões adicionais, prevendo uma deterioração na qualidade do crédito e na capacidade de pagamento".
Apesar de enfrentarem o mesmo ambiente de desaceleração econômica e taxas de juros elevadas, Banco do Brasil (BBAS3), Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) não foram igualmente impactados pela macroeconomia. A divergência nos resultados dos grandes bancos vem ocorrendo desde o ano passado e se manteve nos primeiros três meses de 2023, sem alterações na avaliação dos melhores e piores desempenhos da temporada.
Pedro Gonzaga, sócio e analista da Mantaro Capital, afirmou: "No geral, não houve uma piora significativa nos bancos que estavam indo bem, nem nos que já estavam com problemas. Caso contrário, certamente haveria discussões mais intensas sobre o que poderia acontecer com o sistema bancário".
Com políticas mais restritivas do que há um ano, essas instituições estão mais atentas aos riscos de crédito, inclusive nas concessões para empresas, onde os spreads são maiores. Isso ocorre após casos emblemáticos de recuperação judicial, como Americanas (AMER3), que teve menos impacto nos balanços dos bancos neste trimestre, e Oi (OIBR3;OIBR4) e Light (LIGT3).
Pedro Gonzaga afirma: "Os bancos estão sendo mais cautelosos na concessão de crédito, mas também há problemas de demanda. Pode haver uma combinação de empresas mais conservadoras em relação ao cenário macroeconômico, menos ansiosas por crédito. É um pouco dos dois lados".
Santacreu acredita que os impactos das taxas de juros e da desaceleração econômica ficarão mais evidentes no segundo trimestre. Ele afirma: "A boa prática bancária exige cautela em momentos como esse", referindo-se à postura mais conservadora dos bancos. O analista prevê uma maior convergência no comportamento dos bancos daqui para frente.
"Sendo improvável uma redução rápida das taxas de juros pelo Banco Central, é provável que vejamos um segundo trimestre com um crescimento mais modesto do crédito. O fator 'macro' terá mais influência no crescimento das carteiras e devemos observar um maior alinhamento entre os bancos em termos de seleção de crédito, ou seja, um comportamento mais semelhante", diz Santacreu.
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